Estudo geoquímico e isotópico de rochas carbonáticas das formações gandarela e fecho do funil – Quadrilátero Ferrífero - Brasil.
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Data
2018
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Resumo
Estudo geoquímico (elementos maiores, menores e traço, incluindo os ETRs) e isotópico
(carbono e oxigênio) foi realizado em rochas carbonáticas das Formações Gandarela e Fecho do Funil,
Quadrilátero Ferrífero - Brasil. A caracterização mineralógica das amostras de rochas carbonáticas
selecionadas foi realizada utilizando técnicas como microscopia de luz transmitida e difração de raios
X (XRD). As 82 amostras de rochas carbonáticas coletadas foram analisadas no ICP-OES (Agilent
725) para a determinação das concentrações dos elementos maiores e menores, enquanto que as
concentrações dos elementos-traço, incluindo os ETR foram realizadas no ICP-MS (Agilent 7700).
Análises isotópicas (δ13C, δ18O) foram realizadas utilizando a espectrometria de massas de razões
isotópicas (IRMS; Optima Dual Inlet – Western University – Canadá; Delta V Advanced – DEGEOEM-
UFOP).
Para as amostras da pedreira do Cumbi (Formação Fecho do Funil), óxidos como CaO e MgO
apresentaram composições que variam entre 20-29% e 14-21 %, respectivamente, na maioria das
amostras. Essas discrepâncias de massa são compensadas por outros óxidos, incluindo Al2O3 (1,9-
18,7%), Fe2O3 (1,2-6,1%) e K2O (0,5-6,8%) que foram incorporados nas amostras pela contaminação
por materiais terrígenos. Além disso, o somatório dos ETRs (20-101 ppm) apresenta variações
significativas que também corroboram com a contaminação de amostras estudadas por materiais
detríticos. Correlações positivas entre ΣETRs e Al2O3 (r = 0,96), Fe2O3 (r = 0,65), Ni (r = 0,94), Cr (r
= 0,95), Th (r = 0,98) e Sc (r = 0,98) nas quais podem ser provavelmente associada à entrada de
materiais terrígenos durante a deposição de dolomitos da pedreira de Cumbi. Por outro lado, uma
correlação negativa entre ΣREE e CaO combinada com uma grande variação na razão Y/Ho (27-50)
corroboram a hipótese de os padrões da água do mar terem sido mascarados pela contribuição de
quantidades variáveis de materiais terrígenos. Todas as amostras analisadas da Formação Fecho do
Funil exibem uma sutil anomalia negativa de cério (Ce/Ce * = 0,85 - 0,95). Os dolomitos da pedreira
do Cumbi apresentaram estreitas variações nas anomalias de Eu (Eu / Eu * = 1,02 a 1,25). Os
conteúdos de Eu neste estudo, indicam uma correlação positiva significativa com o Al2O3 (r = 0,96),
sugerindo a origem detrítica desse elemento.
Os valores de δ13CVPDB (+6,0 a + 7,2 ‰) e δ18OVPDB (-10,9 a -10,4 ‰) das amostras analisadas
apresentam uma pequena variação e podem ser correlacionados à sucessões carbonáticas
caracterizadas por excursões positivas de carbono depositadas durante o evento Lomagundi. Infere-se
que os elevados valores de isótopos de carbono dos dolomitos da Formação Fecho do Funil
provavelmente refletem composições isotópicas primárias de carbono.
Poucas amostras analisadas da Formação Gandarela (pedreiras Bemil e Lagoa Seca)
apresentaram teores de ETR relativamente mais elevados que estão associadas à correlações
fortemente positivas com os elementos imóveis incluindo Al, Ni, Th, Cr, Sc e Y, juntamente com uma correlação negativa entre ΣETRs e CaO, sugerindo que as variações observadas nos valores ΣETRs
nestas amostras foram controladas principalmente pela entrada de materiais terrígenos. A correlação
positiva entre Eu e as proxies detríticos como Zr, Th e Y suporta a origem não-diagenética desse
elemento. As razões Y/Ho variam de 27 a 93 para as amostras da pedreira Bemil e de 24 a 132 para as
amostras da pedreira Lagoa Seca. Os altos valores encontrados para a maioria das amostras indicam
que a maioria dos carbonatos analisados mantém as características da água do mar, enquanto algumas
amostras analisadas apresentam valores da relação Y/Ho muito baixos (<30), indicando contaminação
por materiais terrígenos.
A maioria das amostras estudadas da pedreira Bemil apresentou δ18O menor que -12 ‰,
correspondendo a carbonatos que passaram por mudanças nos processos pós-deposicionais. Em geral,
amostras da pedreira Lagoa Seca apresentam valores de δ18O superiores às da pedreira Bemil,
sugerindo melhor preservação. Em relação aos valores de δ13C, estes, na maioria das amostras
analisadas, tanto da pedreira Bemil quanto da pedreira Lagoa Seca, parecem semelhantes aos
encontrados em carbonatos marinhos da mesma idade (~ 2.42 Ga). Razões isotópicas de carbono
menores que -2 ‰ provavelmente resultaram de reações de descarbonatação.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Isótopos estáveis, Terras raras, Geoquímica, Quadrilátero ferrífero - MG
Citação
NOGUEIRA, Leonardo Brandão. Estudo geoquímico e isotópico de rochas carbonáticas das formações gandarela e fecho do funil – Quadrilátero Ferrífero - Brasil. 2018. 123 f. Tese (Doutorado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2018.