Medeia escrava. Sobre Amada de Toni Morrison.
Nenhuma Miniatura disponível
Data
2018
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
O ensaio traz uma leitura do romance Amada, de
Toni Morrison, tendo como foco a evidente semelhança existente
entre a história escrita pela autora contemporânea e o
mito clássico de Medeia, e ressaltando as distinções de uma em
relação à outra. A comparação entre as duas protagonistas já
foi realizada mais de uma vez, e essa também não é a primeira
obra que, por ter como protagonista uma mulher que assassina
os próprios filhos, foi comparada à mítica personagem
grega. O recurso das mulheres ao horrível infanticídio, como
reação a uma situação trágica, tem sido recorrente ao longo
da história: tanto da que realmente acontece, quanto da criada
por ficções. E na dialética entre realidade e ficção pode ser percebida
a primeira grande diferença entre as duas narrativas. Enquanto Medeia é uma personagem mítica, a personagem de
Toni Morrison, Sethe, é uma ficção, mas uma ficção baseada
em uma pessoa real, Margaret Garner, que de fato assassinou
a filha e tornou-se, com esse gesto, personagem importante,
quase mítica, na luta dos abolicionistas norte-americanos.
A segunda diferença a ser destacada reside na motivação do
ato em torno do qual a história gira: amor próprio, em um
caso; amor materno, em outro. E a terceira e última grande
distinção ressaltada está diretamente ligada à primeira, isto é,
à dialética entre ficção e realidade. Por partir de uma história
que realmente aconteceu, a personagem de Toni Morrison
tem de encarar a reação a seu ato assassino no assim chamado
mundo real, cumprir pena na cadeia e, depois, na vida. A solução
deus ex-machina fica reservada às heroínas míticas. Se
há um deus capaz de salvar Sethe, é um bastante fenomênico e
atende pelo nome de Eros.
Descrição
Palavras-chave
Infanticídio, Fantasma, Tágico, Escravidão
Citação
KANGUSSU, I. M. G. Medeia escrava. Sobre Amada de Toni Morrison. Archai, v. 22, p. 283-297, 2018. Disponível em: <http://periodicos.unb.br/index.php/archai/article/view/28324>. Acesso em: 02 fev. 2018.