Avaliação do potencial profilático e terapêutico da piperina na hepatotoxicidade induzida pelo paracetamol.
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Data
2022
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Resumo
A metabolização de xenobióticos pelo fígado pode levar a intoxicação e hepatotoxicidade. O
paracetamol (APAP) é um dos analgésicos e antipiréticos mais utilizados, porém devido ao acesso
fácil e a falta de conhecimento da população sobre seus efeitos nocivos o número de intoxicações
por este fármaco tem aumentado progressivamente. A piperina, um composto natural extraído da
pimenta preta, tem sido relatado na literatura pelo seu potencial hepatoprotetor, antioxidante, anti-
inflamatório e imunomodulatório. Assim, o objetivo deste projeto foi avaliar a progressão
temporal da intoxicação hepática causada pela overdose de paracetamol bem como o potencial
profilático e terapêutico da piperina na redução da hepatotoxicidade em camundongos C57BL/6.
Para tal, utilizamos 98 animais, sendo que todos os procedimentos experimentais foram aprovados
pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA-UFOP). Nos três delineamentos utilizados neste
projeto (temporal, profilático e terapêutico), a hepatotoxicidade foi induzida pela administração
do paracetamol na dose de 500mg/kg por gavagem orogástrica. No delineamento temporal,
distribuímos os grupos em: controle, APAP 3H e APAP 12H, sendo os animais eutanasiados 3 ou
12 horas após a overdose de paracetamol. Nossos resultados mostram que 3 horas após a overdose
foi observado aumento de creatinina e do biomarcador de peroxidação lipídica (TBARS). Já no
período de 12H foi observado um aumento nos marcadores de lesão hepática e dano oxidativo,
além do aumento de citocinas inflamatórias séricas e ativação da expressão genica dos
componentes do inflamassoma, sugerindo o agravamento da hepatotoxicidade ao longo do tempo.
No delineamento profilático com a piperina, avaliamos o potencial do fitoterápico na prevenção
das alterações hepáticas induzidas pela exposição à xenobiótico, neste caso o paracetamol. Os
grupos foram distribuídos em: grupo controle, APAP, P20 + APAP e P40 + APAP. Os animais
receberam piperina por 8 dias consecutivos nas doses de 20 mg/kg ou 40 mg/kg, sendo o APAP
administrado 12 horas após a última dose de piperina. Os animais foram eutanasiados 03 horas
após a administração do APAP. Os resultados mostraram que a prevenção com ambas as doses
da piperina reduziu a atividade de ALT, o índice de necrose e os biomarcadores de dano oxidativo,
além de modular positivamente a expressão gênica dos componentes da via do inflamassomo e
da isoenzima CYP2E1. No delineamento terapêutico com a piperina, os grupos foram distribuídos
em: controle, APAP, APAP + P20, APAP + P40, APAP + NAC, APAP + P20 + NAC, APAP +
P40 + NAC. Neste delineamento, após 2 horas à overdose de APAP foram realizados os
tratamentos com a piperina nas doses de 20 ou 40 mg/Kg em associação ou não com a N-
acetilcisteína (NAC) na dose de 300 mg/kg. Todos os tratamentos foram realizados por gavagem
orogástrica. Os animais foram eutanasiados 12 horas após a administração do APAP. Os
resultados mostraram que a associação da NAC com ambas as doses de piperina diminuiu a
atividade de AST e da MMP-9, além da redução dos níveis de ureia, proteína carbonilada,
TBARS, TNF e IL-6. Também foi observado redução na área de necrose hepática e aumento na regeneração dos hepatócitos. Em relação à expressão gênica, a associação da NAC com ambas as
doses de piperina reduziu os níveis de mRNA de IL-1β, IL-18 e CASP-1 e a associação com a
maior dose de piperina reduziu os níveis de mRNA de NLRP3. Além disso, a associação da NAC
com a menor dose de piperina reduziu a atividade de ALT e aumentou os grupamentos sulfidrilas.
Assim, podemos concluir que a piperina isolada ou em associação com a NAC tem se mostrado
uma possível aliada tanto na prevenção quanto no tratamento da hepatotoxicidade causada pelo
paracetamol.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa de Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Paracetamol, Acetaminofeno, Piperina, Status redox, Hepatotoxicidade
Citação
COELHO, Aline Meireles. Avaliação do potencial profilático e terapêutico da piperina na hepatotoxicidade induzida pelo paracetamol. 2022. 98 f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas) - Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2022.