Estudo do material particulado atmosférico proveniente da extração e manufatura de pedra-sabão nos municípios de Ouro Preto e Mariana, MG.

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Data
2010
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Editor
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Resumo
A utilização da pedra-sabão (esteatito) em Ouro Preto ocorre desde o séc.XVIII quando passou a ser empregada na ornamentação das igrejas e na produção artesanal de utensílios domésticos. Ainda hoje é utilizada como matéria-prima para produção de objetos decorativos e utilitários, constituindo uma importante alternativa econômica para a população local, excluída do mercado formal de trabalho. O esteatito é uma rocha metamórfica de baixa dureza, constituída principalmente de talco, um filossilicato de magnésio hidratado, podendo ocorrer também clorita, serpentina, antigorita e, ocasionalmente, quartzo, magnetita e pirita. O processo de extração da rocha em pedreiras e de produção de peças artesanais em oficinas submete trabalhadores e artesãos a inalação de grande quantidade de poeira. Esta exposição ocupacional pode levar ao desenvolvimento de pneumoconioses como a talcose ou a talcoasbestose, que são doenças pulmonares decorrentes da inalação de partículas respiráveis de talco ou de talco contaminado por fibras de asbesto. A caracterização química e física do material particulado oriundo destas atividades é importante para avaliação dos seus efeitos à saúde humana e ao meio ambiente. Com este propósito, foram coletadas amostras de poeiras geradas em oficinas de artesanato, numa indústria de moagem de pedra-sabão e em uma mineração nos distritos de Santa Rita de Ouro Preto e Cachoeira do Brumado. A amostragem do material particulado em suspensão foi realizada por meio de coletores passivos e amostrador portátil (handi-vol). Foram ainda amostrados a poeira depositada sobre o solo nas oficinas artesanais e rochas utilizadas nos processos de moagem e de confecção de peças. As concentrações das partículas em suspensão na atmosfera foram obtidas por meio de análises gravimétricas. As amostras de poeira foram submetidas à digestão total e parcial e analisados elementos Al, As, Ba, Be, Ca, Cd, Co, Cr, Cu, Fe, K, Li, Mg, Mn, Na, Ni, P, Pb, S, Sr, Sc, Th, Ti, V, Zn e Zr por meio do ICP-OES. O tamanho e a forma das partículas foram determinados por meio do Granulômetro a Laser e MEV-EDS. Para a caracterização mineralógica utilizou-se a Difração de Raio X e, descrição das rochas com auxílio do Microscópio Petrográfico Binocular. A concentração de partículas em suspensão foi muito elevada em todos os pontos de amostragem, excedendo os limites estabelecidos pelas normas brasileiras. As partículas respiráveis (menores que 10 µm) chegam a ultrapassar em até 11 vezes o padrão estabelecido pela WHO. O magnésio foi o elemento encontrado em maiores proporções na poeira. As análises obtidas pelo MEV-EDS e pela Difração de Raio X revelam predominância de minerais de talco na poeira, sendo encontrados também clorita e anfibólio, de forma lamelar e acicular, respectivamente. A descrição petrográfica revela ainda, presença de carbonatos nas rochas utilizadas na oficina artesanal de Cachoeira do Brumado e na indústria de moagem em Santa Rita. A predominância de talco (Mg3Si4O10 (OH2)) na rocha utilizada no processo de moagem e de produção de peças artesanais, pode explicar as altas concentrações de Mg. Os carbonatos, encontrados somente nas amostras de rocha utilizadas na oficina de Cachoeira do Brumado e na indústria em Santa Rita, podem explicar a grande diferença na concentração de Ca entre estes pontos e a oficina de artesanato de Santa Rita. Embora os teores de ferro, alumínio e cálcio tenham sido elevados, não foi encontrado na literatura limites para sua concentração no material particulado em suspensão. As concentrações de manganês, níquel e cromo na poeira em suspensão foram superiores aos padrões estabelecidos pela Fundação Nacional de Saúde. Sendo ainda encontrados chumbo na poeira coletada na oficina em Santa Rita de Ouro Preto, e, arsênio na indústria e nas oficinas de artesanato.
Descrição
Palavras-chave
Material particulado, Pedra-sabão - esteatito - Ouro Preto - MG, Artesanato em pedra-sabão, Pedra-sabão - esteatito - Mariana - MG
Citação
Proti, R. S. C. Estudo do material particulado atmosférico proveniente da extração e manufatura de pedra-sabão nos municípios de Ouro Preto e Mariana, MG. 2010. 125 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) - Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2010