Associação entre o consumo de polifenóis e hipertensão arterial sistêmica em participantes da Coorte de Universidades Mineiras (Projeto CUME).

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Data
2020
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Resumo
Introdução e objetivo: As doenças cardiovasculares (DCV) foram as principais causas de óbito no mundo no período de 2000 a 2012, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. As DCV têm como principal fator de risco a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) que afeta mais de 40% dos adultos no mundo e é a principal causa global para morte ou invalidez. Estudos epidemiológicos mostraram associações entre consumo de polifenóis, metabólitos das plantas que atuam como fator de proteção em processos inflamatórios, e a redução de risco de DCV. No entanto, pouco se sabe se o consumo de polifenóis pode reduzir o risco de hipertensão, especificamente. O presente trabalho tem o objetivo de avaliar a associação entre o consumo de polifenóis da dieta e a prevalência e incidência de HAS, e variação da pressão arterial (PA), em participantes da Coorte de Universidades Mineiras (Projeto CUME). Metodologia: A amostra foi composta por 4130 graduados e pós-graduados entre os anos de 1994 e 2017 em cinco universidades públicas de Minas Gerais na linha de base e 1799 indivíduos no primeiro seguimento (2 anos) que responderam a um questionário online contemplando questões socioeconômicas e demográficas, de estilo de vida e condições de saúde. O consumo alimentar, foi avaliado utilizando um Questionário de Frequência de Consumo Alimentar e a derivação da ingestão de polifenóis por meio do banco de dados Phenol Explorer. O consumo de polifenóis foi categorizado em quintis para as análises. A variável dependente do presente estudo, presença de HAS, foi estabelecida com base na declaração do participante de ter tido diagnóstico médico da doença, uso de medicamentos anti-hipertensivos ou valores de pressão arterial sistólica ≥ 140mmHg ou pressão arterial diastólica ≥ 90mmHg. A variação da pressão foi calculada subtraindo os valores da PA dos anos de 2016 e 2018 e classificando-as como diminuição ou aumento da PA durante o seguimento. As associações entre o consumo de polifenóis totais, suas classes e subclasses com a HAS foi avaliada por meio de Regressão Logística (OR) para análises transversais e Regressão de Cox (HR) para as longitudinais. Resultados: A prevalência de hipertensão foi associada ao sexo masculino, idade ≥ 40 anos, ter pós-graduação, ter formação em cursos que não da área da saúde, situação profissional relacionada à presença de renda, inatividade física, excesso de peso, ter história familiar de HAS, de acidente vascular cerebral (AVC) e de infarto agudo do miocárdio (IAM), e renda individual e familiar de dez salários mínimos ou mais, sendo que para incidência de HAS a associação ocorreu para renda familiar entre cinco e dez salários mínimos e renda individual de dez salários mínimos ou mais, parar ou diminuir o hábito de fumar e parar ou diminuir o uso de sal de adição. Café, oleaginosas (amendoim, nozes e castanhas) e leguminosas (feijão e lentilha) foram os alimentos que mais contribuíram para o consumo total de polifenóis. O consumo de flavonóis no segundo e quinto quintil (OR: 0,63; IC95%: 0,46 - 0,87 e OR: 0,68; IC95%: 0,50 - 0,93) e ácidos fenólicos (OR: 0,72; IC95%: 0,51 - 1,00) foi inversamente associado à prevalência de HAS na amostra. Após dois anos de seguimento, os indivíduos no terceiro quintil de consumo de estilbenos tiveram 58% menos risco de ter hipertensão (HR: 0,42; IC95% 0,18 - 0,98) em comparação com o primeiro quintil. Ao analisar a diferença de pressão arterial durante o seguimento, observou-se que indivíduos no quarto quintil de lignanas possuíam 42% menos de chances (OR: 0,58; IC95% 0,35 – 0,96) e os no segundo quintil de antocianinas tinham 40% menos de chances de terem a PAD aumentada (OR: 0,60; IC95% 0,36 – 0,97) em comparação com indivíduos que consomem no primeiro quintil. Conclusão: O consumo de flavonóis, ácidos fenólicos e estilbenos, mas não de polifenóis totais, possui relação inversa com a prevalência e a incidência de hipertensão arterial sistêmica em adultos.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Alimentos - consumo, Estudantes universitários - hipertensão, Sistema cardiovascular - doenças
Citação
COLETRO, Hillary Nascimento. Associação entre o consumo de polifenóis e hipertensão arterial sistêmica em participantes da Coorte de Universidades Mineiras (Projeto CUME). 2020. 127 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Nutrição) - Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Nutrição, Ouro Preto, 2020.