Distúrbios do sono em trabalhadores de turno alternante : validação de método e relação com hipovitaminose D.

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2020
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Resumo
Introdução: A jornada laboral em turnos tem sérios impactos na saúde dos trabalhadores devido a dessincronização do sistema circadiano. Como consequências, esses trabalhadores apresentam mais distúrbios do sono e transtornos endócrino-metabólicos relacionados com diversas comorbidades, como obesidade, hipertensão e hipovitaminose D. A vitamina D além de suas funções na homeostase óssea, tem sido implicada em um número crescente de mecanismos fisiológicos, incluindo o sono. Objetivos: Validar um método de avaliação de distúrbios do sono e verificar a relação de distúrbios do sono com os níveis de vitamina D em trabalhadores de turno alternante. Métodos: Estudo de delineamento transversal com trabalhadores de turnos alternantes, adultos do sexo masculino da região do Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, realizado nos anos de 2011 e 2012. Foi realizada avaliação antropométrica, clínica e bioquímica, além de questões sociodemográficas, comportamentais e do sono. Avaliação do sono realizada por dois métodos, o exame de polissonografia e o questionário de Berlim (QB). O exame de polissonografia foi realizado durante a noite, de 22:00 horas às 06:00 horas, e avaliado tempo total, latência, eficiência e estágios do sono, além do índice de apneia-hipopneia, movimento periódico de pernas e saturação arterial de oxigênio. O QB foi utilizado como ferramenta indireta para avaliar o risco para apneia obstrutiva do sono (AOS). O estudo foi composto por duas amostras: amostra 1 que foi utilizada para validação do QB (n= 119) e amostra 2 para avaliar a relação dos distúrbios do sono medidos pela polissonografia com os níveis de vitamina D (n= 82). Foi realizada a avaliação da validade do QB original e com alterações na categoria 3 [(QB1 modificado: IMC > 30,0 kg/m²); (QB2 modificado: IMC > 25,0 kg/m²)] para avaliar o risco para AOS em trabalhadores de turno alternante. Para esta etapa, a análise estatística incluiu teste Kappa, análise de curva ROC e análise dos valores diagnósticos. Para avaliar a relação entre os níveis de vitamina D (25(OH)D) e distúrbios do sono, medidos pelo exame de polissonografia, a análise estatística incluiu o teste qui-quadrado de Pearson, ou teste exato de Fisher, para duas variáveis categóricas. E para variáveis contínuas, o teste T de Student ou U de Mann-Whitney, para variáveis com distribuição normal e não normal, respectivamente. Resultados: A amostra total foi composta por 119 trabalhadores com idade mediana de 34 anos. A hipovitaminose D (25(OH)D < 20 ng/mL) foi observada em 23,0% da amostra. Na etapa de validação do QB, 16,8% dos trabalhadores apresentaram alto risco para AOS segundo o QB. O QB2 modificado foi o que obteve melhor acurácia, sensibilidade e especificidade. Avaliando a relação da vitamina D com parâmetros da polissonografia, foi encontrado que indivíduos com hipovitaminose D (25(OHD < 20 ng/mL) apresentaram maior latência e menor eficiência do sono, quando comparados aos trabalhadores com níveis normais desta vitamina (25(OHD > 20 ng/mL). Conclusão: Em trabalhadores de turno alternante, o QB mostrou acurácia reduzida na identificação de pacientes com AOS e deve ser usado com cautela na seleção de pacientes para polissonografia. Ademais, observamos que trabalhadores com hipovitaminose D apresentam maior latência e menor eficiência do sono, do que aqueles com níveis normais desta vitamina.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Distúrbios do sono, Deficiência de vitamina D, Síndromes da apneia do sono
Citação
MENEZES JUNIOR, Luiz Antonio Alves de. Distúrbios do sono em trabalhadores de turno alternante: validação de método e relação com hipovitaminose D. 2020. 123 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Nutrição) - Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Nutrição, Ouro Preto, 2020.