Arcabouço estrutural e evolução tectônica do Alto de Januária, bacia do São Francisco (MG) : registro de uma longa história de deformação intracratônica.
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2021
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Resumo
Altos de embasamento intracratônicos e seu conjunto de coberturas sedimentares podem guardar o
registro da evolução tectônica das regiões de interior do craton. O alto de Januária, que engloba as rochas
do embasamento arqueano-paleoproterozoico e da cobertura sedimentar proterozoica na porção norte
da Bacia do São Francisco, registra os eventos tectônicos relacionados à formação do cráton e aos
sucessivos ciclos bacinais superpostos que ocorreram entre o Paleoproterozoico e o Mesozoico. O
embasamento cristalino consiste em granitoides e gnaisses mais antigos do que 1,8Ga. A cobertura
sedimentar engloba sucessões Meso/Neoproterozoicas do Supergrupo Espinhaço e correlativos,
sucessões Neoproterozoicas Formação Jequitaí, os depósitos carbonáticos-siliciclásticos do Grupo
Bambuí e delgadas coberturas mesozoicas Tendo como objetivo principal acessar esse arquivo
geológico, decifrar a história tectônica do alto de Januária nesse intervalo de tempo e investigar a
influência de estruturas herdadas do embasamento na sua evolução, foi conduzida uma análise estrutural
a partir da integração de dados de superfície com dados de subsuperfície oriundos de 200 linhas sísmicas
de reflexão ao longo de uma área situada na porção centro-sudeste do alto. Enfocando as feições
Precambrianas e Eopaleozoicas, nosso estudo revelou que o arcabouço tectônico do alto de Januária
consiste de 4 grupos de elementos de trama: (i) estruturas dúcteis do embasamento; (ii) falhas
extensionais de orientação NW e NE; (iii) estruturas contracionais associadas ao cinturão de antepaís
Araçuaí e (iv) estruturas rúpteis de origem incerta. As rochas do embasamento exibem foliação regional
de direção NNE truncada por zonas de cisalhamento NNW sinistrais. O sistema de falhas normais se
desenvolveu ao longo de dois episódios extensionais. O primeiro marca um rifteamento
Meso/Eoneoproterozoico associado ao desenvolvimento do aulacógeno Pirapora sob a influência de um
campo extensional com σ3 na direção NE e σ1 vertical. O segundo registra um episódio extensional com
com σ3 na direção WNW e σ1 vertical associado ao soerguimento flexural do Alto de Januária induzida
pela sobrecarga dos orógenos brasilianos nas margens do Alto de Januária. O conjunto de falhas NW
dominam o arcabouço estrutural na margem sul do alto de Januária, enquanto as falhas NNE se tornam
mais expressivas junto ao ápice e flancos do alto de embasamento. O avanço do cinturão de falhas e
dobras de antepaís Araçuaí sobre o alto de embasamento desenvolveu um conjunto de estruturas
contracionais de grande e pequena escala com direção NNE, bem como induziu a inversão parcial de
falhas extensionais de direção NE, que afetam as coberturas ediacaranas-cambrianas. Esse episódio
denotam um regime compressivo com direção ESE-WNW. Nos estágios tardios, a permuta entre os
eixos principais de esforços mínimo e intermediário gerou um regime transcorrente que induziu a
formação de veios e fraturas WNW e a reativação de falhas extensionais pre-existentes enquanto
sistemas de falhas transpressivas. Quando sua posição coincide com estruturas extensionais herdadas do
embasamento, esses corredores transcorrentes NW avançam para além do cinturão de antepais e cortam
o domínio intracratônico, onde as dobras assumem orientações não sistemáticas em relação à propagação
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do fronte de deformação e constituem um registro da propagação far-field dos esforços marginais. Nesse
domínio interno do Alto de Januária, outras estruturas de pequena escala e origem incerta os estratos
basais da sequência Bambuí. Nossa análise demonstra como o Alto de Januária arquivou boa parte da
história proterozoica-eopaleozoica do craton que o contem o dos sistemas orogênicos marginais no
interior continental da América do Sul. Além de demonstrar como o altos do embasamento
intracratônicos arquivam a memória da deformação intracontinental, nossa análise também elucida
aspectos propagação far-field de esforços e do papel que a herança tectônica tem na evolução desses
domínios cratônicos.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Geologia estrutural, Herança tectônica, Embasamento - Geologia
Citação
PIATTI, Bruno Guimarães. Arcabouço estrutural e evolução tectônica do Alto de Januária, bacia do São Francisco (MG): registro de uma longa história de deformação intracratônica. 2021. 168 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2021.