Petrogênese do Granulito Pedra Dourada, MG.

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Data
2015
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Resumo
O Granulito Pedra Dourada (GPD) consiste de uma associação de rochas metamórficas de fácies granulito que ocorre ao norte da cidade de Ponte Nova, região sudeste de Minas Gerais. Tal unidade aflora em corpos com área de até 45 km2, encaixados entre os ortognaisses do Complexo Mantiqueira e a sequência metavulcanossedimentar do Grupo Dom Silvério, ambos de fácies anfibolito. As três unidades estão inseridas na Faixa Araçuaí, que corresponde ao domínio externo do Orógeno Araçuaí. Motivado pela discrepância de grau metamórfico com os terrenos adjacentes, o presente trabalho teve como objetivos fundamentais compreender a gênese do GPD e elucidar o seu significado geotectônico no contexto do Orógeno Araçuaí. O GPD compreende rochas orto e paraderivadas. Os ortogranulitos são predominantes e incluem litotipos félsicos (biotita granulito e ortopiroxênio granulito) e subordinadamente granulitos máficos. Os paragranulitos são aluminosos e se caracterizam pela presença de minerais ricos em Al (granada, sillimanita, espinélio). O biotita granulito félsico é composto por feldspato potássico + plagioclásio + quartzo + biotita ± granada. O ortopiroxênio granulito félsico é constituído de plagioclásio + feldspato potássico + quartzo + ortopiroxênio + biotita ± clinopiroxênio ± granada ± hornblenda. Os granulitos máficos são formados por plagioclásio + ortopiroxênio + clinopiroxênio + biotita ± hornblenda ± quartzo ± granada. Os granulitos aluminosos são compostos de granada + plagioclásio + quartzo + biotita ± feldspato potássico ± ortopiroxênio, além de sillimanita e hercinita, que só ocorrem inclusos em granada poiquiloblástica. As estimativas P-T do metamorfismo granulítico obtidas no THERMOCALC com o método Average PT variam entre 797 – 725 °C e 7,1 - 6,5 kbar para o granulito félsico; 740 – 730 °C e 9,5 – 9,0 kbar para o granulito máfico; 846 – 759 °C e 7,6 - 6,4 kbar para o granulito aluminoso. Dados geoquímicos mostram que os protólitos félsicos são granitos, dioritos e granodioritos, predominantemente peraluminosos e com assinaturas cálcio-alcalinas. São quimicamente semelhantes a granitóides de margem convergente. Os protólitos máficos são gabros e dioritos metaluminosos de caráter tholeiítico, composicionalmente correlacionáveis a basaltos de margem de placa. Os protólitos aluminosos são pelitos e grauvacas peraluminosos, análogos a sedimentos de margem convergente. Análises geocronológicas U-Pb via LA-ICP-MS revelaram que os granulitos félsicos apresentam pelo menos dois protólitos distintos. O mais antigo representa o registro de um evento magmático neoarqueano (ca. 2,7 Ga), enquanto o mais recente corresponde a um magmatismo juvenil com idade paleoproterozóica (ca. 2,1 Ga). O estudo de proveniência sedimentar do granulito aluminoso indicou a contribuição de diversas áreas-fonte, com picos de frequência entre o Paleoarqueano (ca. 3350 Ma) e o Riaciano (ca. 2268 Ma). A idade máxima de sedimentação foi interpretada em ca. 2,2 Ga, associada a bacias intra-arco riacianas. O metamorfismo de fácies granulito ocorreu em ca. 2,07 - 2,04 Ga e afetou as rochas juvenis, as bacias riacianas e as porções do embasamento arqueano. Esse evento tectono-termal é relacionado ao período colisional da Orogenia Transamazônica. A ocorrência de granada coronítica em todos os litotipos sugere uma trajetória de resfriamento aproximadamente isobárico (IBC-path) após o pico metamórfico. Sendo assim, os terrenos granulíticos requereram uma segunda orogenia que permitisse a sua exumação. No contexto geológico do GPD, esse evento pode ser atribuído à Orogenia Brasiliana.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia. Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Granulito, Petrogênese, Orógeno Araçuaí
Citação
MARINHO, Kassia de Souza Medeiros. Petrogênese do Granulito Pedra Dourada, MG. 2015. 117 f. Dissertação (Mestrado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2015.