Estudo fitoquímico da fração acetato de etila, avaliação da atividade antiinflamatória in vitro e in vivo da toxicidade em camundongos de Lychnophora trichocarpha spreng.

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Data
2008
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Editor
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. CIPHARMA, Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto.
Resumo
As Lychnophoras(Asteraceae) são espécies nativas do Brasil, popularmente conhecidas como “arnica” e utilizadas na medicina popular em tratamentos de inflamação, dor, contusões, reumatismos e picadas de inseto. A espécie Lychnophora trichocarphafoi escolhida para um estudo fitoquímico biomonitorado e avaliação da atividade antiinflamatória in vivoe in vitropor ter se mostrado ativa em estudos prévios (FERRAZ FILHA et al., 2006, GUZZO et al., 2008) . A avaliação da toxicidadeaguda do extrato etanólico bruto também foi realizada. No estudo fitoquímico foram analisadas as partes aéreas de L. trichocarphacoletadas nos meses de agosto e outubro. Os extratos etanólicos (LT1 e LT2) foram submetidos à coluna cromatográfica de filtração originando asfrações hexânica (LTH1), acetato de etila (LTA1 e 2) e metanólica (LTM1 e 2). Das frações LTA1 e LTA2 foram isoladas as lactonas sesquiterpênicas, licnofolida e ermantolida C, o esteróide β-sitosterol, e a mistura de triterpenos pentacíclicos, lupeol, αe β-amirinas. Com o objetivo de determinar o mecanismo de ação da atividade antiinflamatória foram utilizadas metodologias in vitro.Através da metodologia do DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazila) foram observadas atividades antioxidantes de 94% para os extratos etanólicos brutos de ambas as coletas e de 69% para LTA1 na concentração de 100 µg/mL. As substâncias isoladas não apresentaram atividade antioxidante significativa pelo método avaliado. Os extratos LT1 e LT2 inibiram a xantina oxidase em 64 e 58% e as frações LTA1 e LTA2 de 77 e 41%, respectivamente, na concentração de 100 µg/mL. As substâncias isoladas não apresentaram atividade relevante quando avaliadas separadamente, sugerindo a existência de um sinergismo entre elas. Os extratos LT1 e LT2 e as frações apresentaram inibiçãoda ciclooxigenase-1 de até 100% na concentração de 200 µg/mL. Entre as substâncias isoladas, β-sitosterol e licnofolida apresentaram inibição de 69% e 56%, respectivamente, ambos na concentração de 100µg/mL. Eremantolida C, lupeol e a mistura de lupeol, αe β-amirinas não inibiram significativamente a COX-1. No método do edema de pata induzido pelacarragenina em camundongos, os extratos e frações (10%) e substâncias isoladas (1%)apresentaram atividades comparáveis ao Diclofenaco gel e à Arnica montanagel. A variação do edema no grupo controle foi de 22,4 ± 1,5 % (média ± e.p.m). Nos grupos em que foram aplicadas pomadas com as substâncias isoladas, as variações foram significativamente menores: lupeol, αe β-amirinas (6,9 ± 2,6 %), β-sitosterol (9,6 ± 4,3 %), licnofolida (5,3 ± 2,5) e eremantolida C (7,2 ± 1,7 %) e comparáveis ao Diclofenaco (5,30 ± 1,56 %) e à A. montana(5,73 ± 2,10 %). Para avaliação da toxicidade aguda, o extrato etanólico (LT2) foi administrado a camundongos albinos, machos e fêmeas. Foram observados óbitos até o décimo primeiro dia entre os animais que receberam a dose de 0,750 g/kg e até e o sétimo e oitavo dia entre os animais que receberam as doses de 1,125 e 1,500 g/kg respectivamente. Foram detectadas alterações na atividade locomotora e na capacidade exploratória dos animais que receberam a dose de 0,750 g/kg, 1 e 4 horas após a administração do extrato e alteração na força muscular 1 hora após a administração do extrato. A capacidade exploratória também foi reduzida significativamente no grupoque recebeu a dose de 0,50 g/kg 1 e 4 horas após a administração do extrato. Os animais que receberam as doses de0,25; 0,50 e 0,75 g/kg não apresentaram alterações nas dosagens bioquímicas em relação ao grupo controle e apresentaram modificações histopatológicas sutis, como congestão e inflamação renal e hepática A dose de 1,5 g/kg causou sinais de toxicidade mais graves, sendo observadas alterações histopatológicas como hemorragia em 62,5% e congestão pulmonar em 100% dos animais. No cérebro e fígado foi verificada congestão em 62,5% dos animais. O trabalho realizado mostrou que as partes aéreas de L. trichocarphacoletadas nos meses de agosto e outubro e suas frações possuematividades antiinflamatórias equivalentes e, assim como as substâncias isoladas possuem atividades comparáveis ao Diclofenaco gel e à Arnica Montanagel. A espécie mostrou possuir mais de um mecanismo de ação para a atividade antiinflamatória e as análises de toxicidade mostraram que a via oral não é indicada para o uso, sendo a via tópica adequadapara garantir tal atividade.
Descrição
Palavras-chave
Agentes antiinflamatórios, Arnica - uso terapêutico, Toxicidade, Substâncias ativas
Citação
FERRARI, F. C. Estudo fitoquímico da fração acetato de etila, avaliação da atividade antiinflamatória in vitro e in vivo da toxicidade em camundongos de Lychnophora trichocarpha spreng. 2008. 118 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2008.