Características associadas à distorção da imagem corporal entre escolares brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 2009.

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2015
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Resumo
Os adolescentes são particularmente susceptíveis às alterações da imagem corporal. O objetivo do presente estudo foi investigar características sociodemográficas, comportamentos relacionados à saúde, contexto familiar e escolar associados à distorção da imagem corporal em escolares brasileiros. Trata-se de um estudo transversal que utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE-2009), realizada em escolares do 9º ano das capitais brasileiras e do Distrito Federal. A variável resposta foi à distorção da imagem corporal obtida pela discrepância entre a percepção da imagem corporal e o índice de massa corporal, classificada em concordância, subestimação e superestimação. As variáveis explicativas foram: 1) características sociodemográficas: sexo, idade, cor ou raça autodeclarada, escolaridade materna; 2) os comportamentos relacionados à saúde: consumo regular de frutas e/ou hortaliças, consumo regular de refrigerantes, lazer sedentário, consumo de álcool nos últimos 30 dias, tabagismo, uso de drogas ilícitas nos últimos 30 dias e relação sexual nos últimos 12 meses; 3) contexto familiar: composição familiar, realizar refeições com a mãe ou responsável, faltar às aulas sem consentimento dos pais ou responsáveis nos últimos 30 dias e sofrer agressão física na família nos últimos 30 dias e 4) contexto escolar: dependência administrativa da escola, pares gentis ou prestativos nos últimos 30 dias e bullying nos últimos 30 dias. Foi estimada a prevalência de distorção da imagem corporal e verificada associação com as variáveis explicativas pelo Qui-Quadrado de Pearson com nível de significância de 5%. Foi realizada análise multivariada para estimar associações independentes por meio de regressão logística multinomial, a categoria de referência foi a concordância. Foram incluídos 57.535 adolescentes, dos quais 52,9% eram meninas e 47,2% tinham 14 anos de idade. Metade dos escolares apresentava distorção da imagem corporal, a subestimação foi mais frequente. As meninas apresentaram maior freqüência de superestimação da imagem corporal e os meninos de subestimação. Na análise multivariada, meninas cujas mães tinham ensino médio incompleto (OR:1,14;IC95%:1,00-1,10) e estudavam em escolas privadas (OR:1,28;IC95%1,16-1,43) apresentaram maior chance de subestimar a imagem corporal. Entre elas, menor chance de subestimação foi observada nas que relataram consumo regular de frutas e hortaliças (OR:0,89;IC95%:0,81-0,98) e relação sexual (OR:0,79;IC95%0,69-0,89). Maior chance de superestimação da imagem corporal foi observada nas meninas que relataram consumo de álcool (OR:1,14;IC95%:1,00-1,29), que raramente ou nunca realizavam refeições com a mãe ou responsável (OR:1,30;IC95%:1,15-1,48) faltaram às aulas sem permissão dos pais ou responsáveis, sofreram agressão física de um familiar ou sofreram bullying nos últimos 30 dias (OR:1,25;IC95%:1,00-1,56). Aquelas que relataram consumo de refrigerantes (OR:0,82;IC95%:0,74-0,91) e relação sexual (OR:0,83;IC95%:0,71-0,97) apresentaram menor chance de superestimar a imagem corporal. Maior chance de subestimar a imagem corporal foi observada em meninos com 14 e com 16 ou mais anos, que raramente ou nunca realizavam refeições com a mãe ou responsável (OR:1,15;IC95%:1,02-1,29) e estudavam em escolas privadas (OR:1,25;IC95%1,12-1,41). Menor chance de subestimar a imagem corporal ocorreu entre meninos que consumiam regularmente frutas e hortaliças (OR:0,98;IC95%:0,81-0,97) e relataram relação sexual (OR:0,88;IC95%:0,79-0,98). Meninos cujas mães tinham ensino superior completo (OR:1,34;IC95%:1,05-1,73), estudavam em escolas privadas (OR:1,24;IC95%:1,05-1,47), relataram pares gentis ou prestativos às vezes (OR:1,31;IC95%:1,08-1,59) e sofreram bullying às vezes (OR:1,44; IC95%:1,16-1,79) ou maior parte/sempre (OR:1,75; IC95%:1,37-2,24) tiveram maior chance de superestimação da imagem corporal. Menor chance de superestimação foi observada em meninos com 16 ou mais anos (OR:0,75;IC95%0,57-0,99), que relataram cor ou raça parda (OR;0,84;IC95%:0,72-0,98) e relataram relação sexual nos últimos 12 meses (OR:0,79; IC95%:0,67-0,94). Este estudo mostrou alta prevalência de distorção da imagem corporal. Além de estar associada às características sociodemográficas e aos comportamentos relacionados à saúde, nossos resultados revelam que a distorção da imagem corporal foi associada a aspectos do contexto familiar e escolar. Enquanto o contexto familiar parecer ser mais relevante para as meninas, o ambiente escolar, especialmente o bullying, parece ser mais importante para os meninos. A magnitude da distorção e os potenciais impactos sobre a vida e saúde atual e futura justificam intervenções para promover um ambiente saudável para os escolares.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição. Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Imagem corporal, Adolescentes, Índice de massa corporal
Citação
FERREIRA, Nair Tavares Milhem Ygnatios. Características associadas à distorção da imagem corporal entre escolares brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 2009. 2015. 125 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Nutrição) - Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Nutrição, Ouro Preto, 2015