Perfil de utilização de medicamentos em idosos atendidos pela atenção primária do Sistema Único de Saúde : análise da segurança terapêutica.
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Data
2021
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Resumo
Introdução: Os idosos tem grande representatividade entre os usuários de serviços públicos de saúde, tendo em vista que são mais suscetíveis a doenças crônicas e internações, além de serem consumidores de um grande número de medicamentos. Entretanto, poucos estudos de base populacional apresentam dados sobre a prevalência de problemas relacionados ao uso de medicamentos em idosos. O objetivo deste estudo foi analisar o perfil de utilização de medicamentos e os aspectos relacionados à segurança terapêutica nos idosos atendidos pela Atenção Primária à Saúde (APS) do Sistema Único de Saúde (SUS). Métodos: Trata-se de um estudo transversal, integrante da Pesquisa Nacional Sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos (PNAUM) - componente Serviços, a qual utilizou uma amostra representativa da população brasileira. As variáveis de interesse foram o uso de medicamentos e o uso de medicamentos potencialmente inapropriados (MPI). A amostra foi composta por indivíduos com 65 anos ou mais, sendo a coleta dos dados realizada nos serviços de APS do SUS, no período de julho/2014 a maio/2015. Os medicamentos foram classificados segundo a Anatomical Therapeutic Chemical (ATC), sendo as interações medicamento-medicamento identificadas pelo aplicativo Micromedex®. Para a classificação dos MPI foi utilizado o Critério de Beers 2019 e a polifarmácia foi definida como o uso concomitante de cinco ou mais medicamentos. As análises foram construídas no programa R versão 4.0.2 utilizando o pacote survey para incorporação do desenho de análises complexas. Resultados: A amostra foi composta por 1.157 indivíduos, sendo que 899 estavam na faixa entre 65 e 74 anos, 223 tinham entre 75 e 84 anos e 35 tinham 85 anos ou mais. A maior parte dos idosos (63,4% IC95% 59,9- 66,7) era do sexo feminino; 58,7% (IC95% 54,1-63,2) casados ou em união estável; 58,8% (IC95% 50,4-66,7) possuíam ensino fundamental incompleto e 27,2% (IC95% 20,8-34,7) declararam serem analfabetos. Foi encontrada alta prevalência de uso de medicamentos (94,2% IC95% 92,2- 95,8) nos 30 dias anteriores à entrevista, com média de 2,87 ± 2,12 medicamentos/idoso. A prevalência de polifarmácia foi 21,0% (IC95% 15,9-27,3). Os medicamentos mais utilizados foram: Hidroclorotiazida (11,4% IC95% 10,1-12,8); Losartana (8,0% IC95% 6,3-10,1) e Captopril (8,0% IC95% 6,4-9,9). Entre os medicamentos identificados, 21,4% (IC95% 19,0- 23,9) são classificados pelo Critério Beers 2019 como MPI para a maioria dos idosos, sendo oÁcido acetilsalicílico (18,5% IC95% 15,2-22,3); Omeprazol (18,1% 14,6-22,2) e Glibenclamida (12,7% IC95% 9,4-17,0) os mais utilizados. Foram identificadas 1.226 interações medicamentosas (IM) potenciais, sendo a maioria classificada como de gravidade moderada (68,60% IC95% 63,50-73,30). As interações envolvendo o uso de Ácido acetilsalicílico foram bastante prevalentes, sendo responsáveis por 23,4% (IC95% 18,5-29,1) de todas as interações encontradas. O uso de medicamentos foi associado a piores indicadores de saúde (p <0,05). Foi constatada associação entre o uso de MPI e polifarmácia (OR 7,15 IC95% 13,45-14,81); diagnóstico de depressão (OR 3,10 IC95% 2,10-4,58) e necessidade de atendimentos em serviço de emergência (OR 1,94 IC95% 1,26-2,97). Conclusão: Os idosos brasileiros estão expostos a fatores que contribuem para a diminuição da segurança terapêutica. O cuidado clínico dos idosos deve ser multidisciplinar e o uso de ferramentas que auxiliem na identificação de IM e de MPI deve ser incentivado entre os profissionais de saúde, a fim de diminuir riscos evitáveis.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. CIPHARMA, Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Medicamentos - utilização, Idosos, Polifarmácia, Cuidados primários de saúde
Citação
SILVEIRA, Viviane Felix. Perfil de utilização de medicamentos em idosos atendidos pela atenção primária do Sistema Único de Saúde: análise da segurança terapêutica. 2021. 129 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2021.