Participação, interação e aprendizagem de crianças protagonistas na construção do seu próprio conhecimento em contexto escolar remoto.

Abstract

A criança é invisibilizada como sujeito em diversos contextos; o constante devir adulto perante a criança é conhecido como adultocentrismo e está presente nas escolas (em como ensinamos as crianças) e outros ambientes sociais. A criança recebe, de forma passiva, conteúdos pensados e projetados por adultos. Para alterar este contexto e decolonizar a visão hierárquica adulta, torna-se necessária uma alternativa para conceder autonomia verdadeira às crianças, incluir o estudante ativamente no processo de aprendizagem e, a partir de diferentes abordagens de ensino, valorizar a criança protagonista na escola. Dessa forma, a presente pesquisa buscou descrever e analisar como se dá participação, interação e aprendizagem de crianças em aulas que privilegiam o protagonismo discente nos anos iniciais do Ensino Fundamental (EF), em um contexto de isolamento social devido à pandemia causada pelo SARS-CoV-2. Quanto à metodologia, esta pesquisa caracterizou-se como qualitativa, descritiva, aplicada à educação, com recorte temporal transversal e, como método de coleta, a observação não-participante. Envolvemos turmas de 4º e 5º anos do EF de uma escola localizada na Zona da Mata em Minas Gerais. Os resultados obtidos foram transcritos e analisados segundo o Engajamento Disciplinar Produtivo (EDP) proposto por Engle e Conant (2002). Ademais, os resultados foram discutidos de acordo com a filosofia deste trabalho, que valoriza a criança e a compreende como sujeito- criança, e, também, à luz da aprendizagem colaborativa e da aprendizagem ativa. Foram observadas interação e colaboração entre pares de estudantes quando as atividades pedagógicas se mostraram engajadoras, mesmo em situação de isolamento social. As crianças foram capazes de discutir sobre o tema (E1), realizar trabalho colaborativo (E2) e discutir, estabelecendo relações explicativas (EDP1). Em alguns momentos foram observadas a presença de características emocionais (E3), também relacionadas às ações para resolver problemas propostos (ED3). Por fim, observou-se a presença de ideias em outros contextos (EDP3). A partir da participação e da interação entre pares observados durante a presente pesquisa, elaborou-se o produto educacional “Neurociências e educação: aprendizagem baseada em interesse”, uma história em quadrinhos que, de forma lúdica, tem a premissa de reunir os principais conceitos que envolvem a aprendizagem baseada em interesses, contextualizada para o ensino de ciências. Este produto educacional foi direcionado aos professores da educação básica que se interessem em construir práticas pedagógicas não-adultocêntricas.