Análise de susceptibilidade de duas cavidades em litologia de ferro na Serra do Gandarela, MG. Estudo de caso: AP_0009 e AP_0038.

Abstract

De acordo com a legislação brasileira, as cavidades são bens da união e devem ser protegidas. Cavidades de máxima relevância não podem sofrer danos. Mas as cavidades são dinâmicas, evoluem com o tempo; a evolução natural de uma cavidade é o colapso do teto e/ou desmoronamentos. Esta dissertação visou caracterizar duas cavidades associadas a litologias ferruginosas do ponto de vista geológico, geotécnico e hídrico por meio de: mapeamento de descontinuidades; classificação geomecânica do maciço pelo sistema RMR e Q; mapa de espessura de teto; mapa de pontos de aporte de água (gotejamentos, espeleotemas, bacias), cones de sedimentos e raízes; caracterização da pluviometria e infiltração das águas nas cavidades. De posse destes dados realizou-se sobreposição dos mapas e análise da susceptibilidade geotécnica. As cavidades situam-se no sinclinal Gandarela (MG) e são denominadas de AP_0009 e AP_0038. A AP_0009 é uma cavidade natural subterrânea em canga e hematitito; a AP_0038 é uma paleotoca em canga e saprolito (ocre). Atualmente não há mineração no local. As análises mostraram que o principal fator de instabilidade na AP_0009 são descontinuidades abertas definindo fragmentos métricos no teto. Na cavidade AP_0038 a principal susceptibilidade a desmoronamentos relaciona-se ao tamanho do vão livre e espessura de teto. Em ambas as cavidades pode ocorrer colapso do teto em condições naturais; o principal agente desestabilizador é a água – através da percolação favorece a retirada de material cimentante na canga (AP_0038) e/ou lava as paredes das descontinuidades (AP_0009). Complementando os estudos realizou-se análise da infiltração das águas nas cavidades e relações com a pluviometria.