Fingerprint e estudo cristaloquímico do topázio imperial da região de Ouro Preto (Minas Gerais, Brasil).
Nenhuma Miniatura disponível
Data
2018
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
O topázio imperial [Al2SiO4(F,OH)2] é uma variedade gemológica de ocorrência exclusiva na região
de Ouro Preto (MG, Brasil). De modo a poder caracterizar o seu fingerprint, foram utilizadas técnicas
como a microscopia electrônica de varredura com módulo de catodoluminescência (MEV-CL),
microscopia óptica com módulo de catodoluminescência (MO-CL), espectroscopia de
catodoluminescência, microssonda eletrônica (EPMA), ablação a laser com detecção por
espectrometria de massas com plasma indutivamente acoplado (LA-ICP-MS) e espectroscopia Raman,
em quarto amostras de topázio imperial. As imagens de MEV-CL de todas as amostras mostraram
diferentes eventos de crescimento durante os processos de cristalização. Tal foi demonstrado pela
existência de áreas rômbicas centrais com catodoluminescência (CL) heterogênea, e bordas escuras e
com CL homogênea. As imagens de CL coloridas indicaram emissões homogêneas de cor azul a
arroxeada em todas as amostras. Os espectros de CL indicaram a presença de duas faixas largas de
emissão com um picos de baixa intensidade em ~417 nm, e de alta intensidade em 685, 698, 711 e
733 nm. Dados obtidos por EPMA quantificaram altos teores de OH, cuja razão XOH = OH / (OH+F)
oscilou entre 0,35-0,43. Dados obtidos por LA-ICP-MS quantificaram altos teores de Cu e Zn nas
áreas de alta luminescência (obtidas nas imagens de MEV-CL) sugerindo que ambos os elementos
poderiam ser ativadores da CL no topázio imperial. Espectros de Raman e de CL indicaram altas
emissões de Cr, corroboradas pelos altos teores de Cr obtidos por EPMA e
LA-ICP-MS. Em todos os espectros Raman, os altos teores de Cr causaram altas intensidades de
luminescência, originando a sobreposição das mesmas sobre os módulos vibracionais de estiramento
do OH (~3.650 cm-1
). Os elementos traços cujos teores permitiram caracterizar o fingerprint do
topázio imperial foram Ti, V, Cr, Mn, Fe, Cu, Zn, Ga e Ge.
De modo a caracterizar a dinâmica de cristalização e o fingerprint do topázio de ambientes geológicos
distintos, seis amostras foram analisadas por MEV-CL e LA-ICP-MS: duas amostras geologicamente
relacionadas a veios hidrotermais caulinizados da região de Ouro Preto (Brasil); duas a pegmatitos da
Província Pegmatítica Oriental do Brasil (PPOB); uma a riolitos do Oeste dos Estados Unidos da
América (EUA); e uma a veios hidrotermais carbonatados e a eventos metamórficos do Paquistão. As
duas amostras da região de Ouro Preto demonstraram dois processos de cristalização bem distintos,
comprovados pelas imagens de MEV-CL, onde foi possível observar um núcleo heterogêneo e bordas
homogêneas. O fingerprint foi caracterizado pelos teores de Ca, Ti, V, Cr, Mn, Fe, Cu e Zn. As duas
amostras da PPOB demostraram imagens de SEM-CL com luminescência escura e homogênea,
implicando uma cristalização lenta e tardia, típica dos pegmatitos. O fingerprint foi caracterizado pelos
teores de Li, Nb, ETRL (elementos terras raras leves), Ta e W, e de Ti, Nb e ETRP (elementos terras
raras pesadas). A amostra do Oeste dos EUA demonstrou luminescência heterogênea com eventos de
crescimento e de reabsorção, e zonas de crescimento bem preservadas, visíveis nas imagens de MEVCL. O fingerprint foi caracterizado pelos teores de Li, Ti, V, Mn, Nb, ETRL, Ta e W. A amostra do
Paquistão demonstrou um processo de recristalização metamórfica, visível na luminescência incipiente
e homogênea dada pelas imagens de MEV-CL. O fingerprint foi caracterizado pelos teores de Ca, Cr,
V, Zn, ETRL, ETRP e W.
Após conhecer o fingerprint e comparar os processos de cristalização das diferentes amostras de
topázio, a relação entre estes processos e as possíveis implicações na gênese do topázio imperial
continuaram por esclarecer. A partir de imagens de microscopia óptica (MO), MEV-CL e microscopia
eletrônica com módulo de elétrons retroespalhados (BSE), e mapas de microscopia eletrônica com
módulo de difração de elétrons retroespalhados (EBSD), foi possível estabelecer uma relação entre os
setores poligonais e diferentes orientações cristalográficas em amostras de topázio imperial. As
imagens obtidas por MO foi possível observar uma área rômbica central bem delimitada e opticamente
heterogênea em (11l) no núcleo, e áreas com extinção semelhante a um quadrante e alternada em
{100}, {010} e {110} nas bordas. As imagens obtidas por MEV-CL demonstraram as mesmas
características já descritas nos parágrafos anteriores para o topázio imperial. As imagens obtidas por
BSE eram homogêneas, refletindo a composição química homogênea e constante do topázio imperial
em relação aos elementos maiores. Mapas obtidos por EBSD nas áreas de borda demonstraram cores e
características microestruturais distintas ao invés de uniformidade. Nas figuras de pólo, foram obtidos
múltiplos pólos com uma desorientação de mais que 15º entre si, segundo {001}. Estes resultados
permitiram inferir a existência de múltiplos eixos c, implicando orientações cristalográficas distintas e
uma não redução da simetria ortorrômbica do topázio imperial. Assim, foi igualmente possível afirmar
que o presumido monocristal de topázio imperial é na verdade um policristal. Por fim, as imagens
obtidas por MEV-CL, associadas aos dados obtidos por EBSD, permitiram corroborar que ocorreram
dois processos de cristalização do topázio imperial durante a orogenia Brasiliana, entre 520-485 Ma:
um processo de cristalização primária que resultou da atividade hidrotermal, e outro resultante de
processos metamórficos de recristalização.
Descrição
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais. Departamento de Geologia, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto.
Palavras-chave
Mineralogia, Topázio imperial, Cristalografia
Citação
ARAÚJO, Teodoro Gauzzi Rodrigues de. Fingerprint e estudo cristaloquímico do topázio imperial da região de Ouro Preto (Minas Gerais, Brasil). 2018. 158 f. Tese (Doutorado em Evolução Crustal e Recursos Naturais) – Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2018.